MOMENTO 1: Edir Macedo. Os 15 momentos polémicos na vida do milionário que fundou a IURD

MOMENTO 1: Edir Macedo. Os 15 momentos polémicos na vida do milionário que fundou a IURD

1- A compra da Record e a construção de um império empresarial

A ambição de Edir Macedo de entrar no mundo dos media era antiga: em 1978, apenas um ano depois da fundação da IURD, a igreja conseguiu comprar 15 minutos de antena na Rádio Metropolitana do Rio de Janeiro. Nessa altura — escreveu Macedo na sua autobiografia, Nada a Perder –, os cultos começavam a encher e a pequena funerária onde funcionavam já não era suficiente para acolher todos os que queriam assistir. Os meios de comunicação social foram a solução. Seis meses depois do primeiro programa de rádio, a IURD alugou um espaço de emissão na TV Tupi, às 7h30 da manhã, para transmitir o programa “O Despertar da Fé”.
Os primeiros passos estavam dados e a IURD nunca mais largou a televisão. Mas os grandes negócios só aconteceriam na década seguinte. Primeiro com a compra, em 1984, da Rádio Copacabana, do Rio de Janeiro — Edir Macedo explica, na sua autobiografia, que teve de vender uma casa que tinha construído em Petrópolis para pagar a rádio. Depois, com a compra da Rede Record em 1989 — a transação mudou definitivamente o rumo da IURD e foi o primeiro grande escândalo financeiro protagonizado por Edir Macedo.
A fortuna de Edir Macedo — estimada em 1.200 milhões de dólares pela Bloomberg, em 2013 — vem daquele conglomerado de media. Mas muitos contornos da compra ainda estão por explicar. Macedo comprou a Record por 45 milhões de dólares, depois de longas e difíceis negociações. Quando soube, por um outro bispo da IURD, que a Record estava à venda, Edir Macedo decidiu recorrer a um dos seus pastores, o ex-deputado federal Laprovita Vieira, para liderar a compra em nome dele. “Eu sabia que, se aparecesse logo de imediato, a negociação seria superfaturada ou desfeita possivelmente por preconceito. Tudo poderia ir por água abaixo”, escreveu Macedo.
Edir Macedo é o dono da TV Record, uma das mais importantes estações televisivas do Brasil (Fotografia: IURD)
Mesmo estando afastado das negociações para garantir que o negócio avançava, Edir Macedo não quis deixar de ir às reuniões para saber em primeira mão o que se passava. Numa delas, quando o processo estava parado devido a um impasse sobre o valor do negócio, uma vez que a igreja ficou sem dinheiro para pagar a segunda metade da entrada, entrou disfarçado de motorista do pastor que estava supostamente a liderar a negociação. E terá sido mesmo ele a resolver o impasse, levantando-se da cadeira, revelando a sua identidade e exigindo uma solução.
Contudo, segundo conta Macedo, o dono da Record mudou de ideias e na mesma semana decidiu voltar atrás e recusou renegociar a dívida. Edir Macedo diz que resolveu o problema com oração. Fechou-se na casa de banho e rezou. “Olha, a compra desta emissora está nas Tuas mãos! Se conseguirmos a Record, muito bem! Se não, paciência! Se o Senhor não me ajudar, não vou fazer mais nada! Rendo-me!”, terá dito Macedo durante a oração, segundo a sua autobiografia. A compra acabaria por seguir em frente e ainda hoje é usada por Edir Macedo como exemplo do “poder da oração”.
O sucesso do negócio foi apenas o início dos problemas para o bispo, que estava prestes a tornar-se num dos maiores milionários do Brasil. Logo a seguir à conclusão do negócio, a autoridade tributária brasileira lançou uma investigação à transação. Conclusão: Edir Macedo teria utilizado empréstimos sem juros da Igreja Universal do Reino de Deus para financiar a aquisição — que foi feita em nome próprio, não em nome da IURD. Contudo, não tinha declarado esse rendimento e acabou por ser condenado por isso, como explica a agência Bloomberg.
Apesar de a Constituição impedir confissões religiosas de serem donas de rádios e televisões, a IURD controla hoje em dia 23 emissoras de televisão, 40 de rádio e pelos menos dois jornais diários, além de duas gráficas onde além de jornais de circulação nacional e regional é impresso também o jornal oficial da igreja, a Folha Universal.
Macedo recorreu da decisão do tribunal, argumentando que tinha comprado a Record em nome da IURD, para criar a primeira televisão evangélica do mundo. Novo problema legal: a Constituição brasileira impede que confissões religiosas sejam donas de rádios ou televisões. Confrontado com isto, Edir Macedo mudou de argumento e afirmou que, afinal, tinha comprado a Record para si próprio. O caso arrastou-se nos tribunais durante anos e anos. Só em 2011 é que a Justiça brasileira acabou por absolver o bispo, com a justificação de que Macedo controla completamente a IURD e que a usa em seu benefício particular.
Apesar de a Constituição impedir confissões religiosas de serem donas de rádios e televisões, a IURD controla hoje em dia 23 emissoras de televisão, 40 de rádio e pelos menos dois jornais diários, além de duas gráficas onde, além de jornais de circulação nacional e regional, é impresso também o jornal oficial da igreja, a Folha Universal. Nada, à exceção de alguns imóveis, está em nome da igreja, mas sim em nome de alguns dos mais importantes bispos da IURD e do próprio Macedo.
Em 2007, a Folha de São Paulo revelou a estratégia supostamente usada por Edir Macedo e os seus bispos para garantir que o património nunca sai do domínio da IURD, nem mesmo quando os bispos entram em conflito com a igreja e a abandonam. Quando compram uma empresa ou participações em alguma empresa, os bispos alegadamente assinam também outros documentos: um contrato com a IURD dizendo que têm uma dívida fictícia para com a igreja no valor daquelas ações e um contrato de passagem dos títulos para um outro bispo (o nome do destinatário é deixado em branco e escolhido no momento, se necessário). A publicação do artigo valeu à jornalista Elvira Lobato um processo de pressão através dos tribunais, tendo de enfrentar mais de cem casos por danos morais movidos por fiéis e pastores em vários pontos do país.
Conteúdo site Observador

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