Cesar ataca Crivella com acusações que ligam a Universal ao narcotráfico

Cesar ataca Crivella com acusações que ligam a Universal ao narcotráfico

Denúncia
Elenilce Bottari, Fábio Vasconcellos e Gabriel Mascarenhas - O Globo

RIO e SÃO PAULO - O prefeito Cesar Maia (DEM), que apóia a candidata Solange Amaral (DEM/PTC/PMN) a prefeita do Rio, divulgou nesta terça-feira em seu ex-blog denúncias feitas pelo pastor Caio Fábio contra a Igreja Universal do Reino de Deus para atacar a candidatura a prefeito de Marcelo Crivella (PRB/Pr/PSDC/PRTB). Cesar traz à tona denúncias de envolvimento da Universal com o narcotráfico feitas por Caio Fábio, que o prefeito chama de "um líder evangélico de esquerda e dirigente do Viva Rio que foi prestigiado até os anos 90" e que foi acusado depois de usar recursos de programas sociais.

"Caio Fábio gravou uma série de vídeos com acusações da maior gravidade contra as mais conhecidas lideranças evangélicas como os líderes do Renascer, da Iurd (Igreja Universal do Reino de Deis), Silas Malafaia... etc. Não fica pedra sobre pedra. Acusações de lavagem de dinheiro de droga, de mesada em dólares para silêncio de lideranças, uso sexual de meninas... com nome e sobrenome. Algumas das acusações gravadas em vídeo foram respondidas pelos acusados. E o barraco foi armado. Declarações estarrecedoras", escreveu o prefeito, para lembrar que essas lideranças serviram como referência política do eleitorado mais pobre:

"São lideranças evangélicas que têm servido nesses anos de referência política aos mais pobres e têm participado direta e indiretamente dos processos eleitorais com sucesso, como é o caso em 2008 do Rio, onde o 'bispo' da Iurd Marcelo Crivella tem co-liderado as pesquisas desde o início".

Os depoimentos aos quais o prefeito se refere foram gravados em 2006 e 2007 e postados há alguns meses no site You Tube. Neles, o ex-presidente da Associação Evangélica Brasileira (AEVB) afirma, entre outras coisas, que o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal e tio de Crivella, construiu sua igreja através de lavagem de dinheiro do cartel de Cáli, que já foi a maior rede de tráfico de entorpecentes do mundo.

"Aquilo tudo começou com lavagem de dinheiro do Cartel da Cáli, dinheiro da Colômbia. Pode mandar a fita pro Macedo e quero ver ele me chamar para dizer que não é verdade ou me chamar para qualquer tribunal porque eu levo dez pessoas que trabalhavam lá com ele e que viajavam para Cáli com ele para pegar dinheiro de traficante para começar a Universal."

Nos depoimentos, Caio Fábio - que foi acusado de tentar vender o chamado "dossiê Cayman", documentos falsos feitos para tentar incriminar tucanos na campanha de 98 - diz que nunca desviou dinheiro de obra social e que teriam explorado um relacionamento fora do casamento para tentar destruí-lo. Ele, que hoje mora em Brasília, contou que era presidente AEVB, organização criada em maio de 1991 para resgatar o evangelho, quando, em 1994, bateu de frente com Edir Macedo por não aceitar a entrada da Igreja Universal na organização:

"Eu tive conversas longas com Macedo explicando por que, enquanto ele praticasse tudo aquilo, ele não poderia entrar para uma organização que desejava resgatar o verdadeiro espirito do evangelho".

Ao comentar nesta terça o uso de seu depoimento pelo prefeito, Caio Fabio disse:

- Ele evocou meu nome com duas expectativas: a primeira foi atacar os inimigos políticos dele, que, pelo que já disse antes, julga serem também meus inimigos; e, de fato, é assim que eles me vêem. Eu não sou inimigo deles, mas sim da perversão que fizeram do Evangelho.

'Em todos os lugares, há os bons e os maus'

Sobre a hipótese de que Cesar usou a entrevista para relacionar o ex-bispo Crivella à Universal, Caio Fábio foi enfático:

- Ele é e deixa de ser bispo e volta a ser conforme a conveniência do tio dele, o Macedo. Lá é assim. Por que a surpresa?

Rompido com o meio evangélico, Caio Fábio hoje é líder de um grupo cristão alternativo em Brasília.

Procurado para responder aos ataques de Cesar e Caio Fábio, Crivella disse:

- Já conhecia as acusações do pastor Caio Fábio há muito tempo. Posso dizer que, em todos os lugares, há os bons e os maus. Claro que houve erros, e quem cometeu crimes pagou por eles. Cerca de 30 anos atrás, um grupo de jovens reuniu-se em torno da fé e iniciou aqui no Rio uma obra que ia beneficiar 150 países. Esses erros cometidos no passado foram frutos de inexperiência, de imaturidade. Em todo lugar há bons e maus, mas devemos ressaltar que o trabalho da Igreja Universal é muito bonito e alcançou 150 países. Repito: em todo lugar, há bons e maus - disse o senador, que preferiu não citar a quais erros e crimes ele se referia.

Sobre a mudança do prefeito, que até então vinha evitando fazer-lhe críticas, o senador disse que os ataques são fruto de desespero de quem vê sua candidata longe do segundo turno.

- As críticas são injustas e preconceituosas. Ao fazê-las, o prefeito Cesar Maia não refletiu, pois tenho jornais de 2000 em que ele agradece aos eleitores da Universal pelo apoio dado a ele. As críticas são uma estratégia errada de quem está se dando conta da derrota da candidata que apóia. O prefeito é injusto, pois agora critica quem o ajudou a chegar onde ele está hoje. Cesar se despede do governo num crepúsculo melancólico, parafraseando Manoel Bandeira, numa vil e apagada tristeza.

Procurada pelo 'Globo', a assessoria de imprensa da Universal, com sede em São Paulo, informou que os bispos preferiram não se manifestar. Também os representantes da Renascer foram localizados nos Estados Unidos por sua assessoria de imprensa, mas afirmaram que não pretendem comentar ataques do pastor Caio Fábio, que eles consideram "antigos".

Crivella se equivovou em sabatina

Ao participar da sabatina realizada pelo 'Globo' na segunda-feira, Crivella disse que, se for eleito, pretende transformar os trens da Central, uma concessão estadual, em metrô de superfície

Os fatos: A prefeitura não tem qualquer gestão sobre a operação ou na definição de estratégias de investimentos nas linhas de trens que operam na cidade. A SuperVia, que explora cinco ramais que operam em 11 municípios, é uma concessão do estado. A concessão foi feita em 1998, na administração do então governador Marcello Alencar. O contrato, válido por 25 anos (e prorrogável por igual período), prevê obrigações que devem ser cumpridas tanto pela concessionária quanto pelo estado, inclusive prazos para converter o sistema em metrô. O prazo contratual é 2014, mas a SuperVia estuda antecipar a implantação do serviço para dezembro de 2009. Hoje, como a operação dos trens não pode ser controlada à distância (a tarefa é dos maquinistas), as composições saem das estações em horários predeterminados por motivos de segurança. Com a automação, será permitido estabelecer as saídas dos trens com intervalos prefixados conforme a demanda.

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